"Ele não ligava, nem mandava
mensagem durante semanas. Mas tinha uma mania sacana de aparecer quando ele já
tava quase desaparecendo da minha cabeça. Era carência, tava na cara – e
faltava vergonha na minha, porque eu sempre acabava cedendo. Não me dava valor
e ainda ficava indignada por ele não dar também. Eu aceitava ser a última opção
e ainda tinha a cara de pau de espernear e choramingar por ai usando a maldita frasezinha clichê de que nenhum homem
presta.
E quando você não tá na onda de ser amada, ta tranquilo - um supre a
carência com o outro e fim de papo. Mas eu tava afim de sentimento, tava super
na onda de mãozinha dada e ligação de madrugada só pra ouvir um ''tava pensando
em você''. E claro que ele não ligava, a gente quase sempre só pensa antes de
dormir em quem causa aquele nervosinho de incerteza dentro do nosso peito – e
eu tava sempre ali, um poço de certezas, não tinha porque ele pensar. Muito
menos ligar.
E foi ai que eu mudei. Parei de aceitar o último pedaço do bolo,
se o primeiro pedaço não fosse pra mim, eu simplesmente ia embora da festa –
não me servia mais. E olha só que mágico, ele nunca me chamou pra tantas festas
e nunca vi alguém me oferecer tantos pedaços de bolo – a mágica só não foi tão
boa porque eu simplesmente não queria mais. Não queria mais mágica, não queria
mais bolo, não queria mais ele. Quando a gente passa a se valorizar a gente
consegue enxergar nitidamente quanto os outros valem – e ele valia tão pouco,
desencantei. "
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